quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Poema: O Mapa

Sempre senti a matemática como uma presença
Física; em relação a ela vejo-me
Como alguém que não consegue
Esquecer o pulso porque vestiu uma camisa demasiado Apertada
nas mangas.
Perdoem-me a imagem: como
Num bar de putas onde se vai beber uma cerveja
E provocar com a nossa indiferença o desejo
Interesseiro das mulheres, a matemática é isto: um
Mundo onde entro para me sentir excluído;
Para perceber, no fundo, que a linguagem, em relação
Aos números e aos seus cálculos, é um sistema,
Ao mesmo tempo, milionário e pedinte. Escrever
Não é mais inteligente que resolver uma equação;
Porque optei por escrever? Não sei. Ou talvez saiba:
Entre a possibilidade de acertar muito, existente
Na matemática, e a possibilidade de errar muito,
Que existe na escrita (errar de errância, de caminhar
Mais ou menos sem meta) optei instintivamente
Pela segunda. Escrevo porque perdi o mapa.


Análise:
 
Rima: 
 Não apresenta rimas, rimas imperfeitas.

Recursos poéticos:
 O eu-lírico dirige-se ao leitor, o poeta segue narrativa, não contem estrofes.

Análise formal:
  • Versos Livres
  • Estrofe de 20 versos
  • Contem Linguagem Obscena.

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